Depois de uma semana em Sampa devo confessar que raramente me senti tão estrangeiro como nestes últimos dias. Naturalmente vinha avisado das tão faladas dificuldades de comunicação entre lusos e brasileiros, se bem que depois de um ano a conviver diariamente com um zuca sem problemas de maior começaram a parecer-me infundadas as famosas preocupações.
E na realidade, os meus problemas de comunicação com os zucas têm sido poucos, contam-se pelos dedos de uma mão. Isso não impede porém a estranha sensação de ser mais estrangeiro que os estrangeiros que não falam a língua. Acontece de tudo. Gente que me fala em espanhol (e em mau espanhol ainda por cima) sem explicação aparente. Malta que de 10 em 10 palavras me pergunta ‘você entende o que estou falando?’. E porque não se falamos os dois português?
Em particular, tem aqui uma jovem no escritório uma jovem que, ou acha que sou anormal, ou não sabe bem que os portugueses falam a mesma língua que ela, que não por acaso se chama português. A jovem não consegue fazer uma frase sem me perguntar se eu entendo alguma palavra ou expressão. E não julguem que ela fala algum tipo de português estranho. Não senhor, falamos de coisas como ‘torradeira’ ou ‘pular’ entre outras palavras ultra eruditas. Já para não falar da ‘você entende quando nós estamos brincando com a turma?’.Não, em Portugal não existe sentido de humor.
O que tem mais piada no meio disto tudo é que eu recebo tratamento diferenciado, quero eu pensar que VIP, já que nenhum outro estrangeiro por aqui (e estamos a falar de gente que fala mal português e que está ainda a aprender) tem direito a tanto deferimento. Aliás, creio que eu próprio recebi igual tratamento em qualquer país por onde passei e onde, realmente, era um estrangeiro na língua. Brasileirices…
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