Venho aqui falar da bola. Mais que nada senão, como de outras vezes, acusam-me de anti-patriota por comentar os feitos dos Boston Celtics e nada da nossa terrinha.
A verdade é que aqui em Sampa a malta torce quase toda pelas quinas. Também é verdade que a maioria torce por Portugal mais pelo Felipão, o Deco e o Pepe que por outra coisa. Mas pensem bem se isso até não é uma jogada de mestre do grande mago do marketing chamado Madaíl. Só as camisolas das quinas a mais que ele vende aqui é uma loucura de receita.
Acontece que que tanto Felipão à minha volta provocou o meu lado de treinador de bancada. E por isso pus-me a dissertar lições tácticas que aqui reproduzo:
1. Não conheço nenhuma equipa que alguma vez tenha ganho alguma coisa com um mau guarda-redes (goleiro aqui no Brasil). Se fosse novidade a gente ainda desculpa o treinador mas depois de ter dado um campeonato ao Benfica, um euro à Grécia e ter sido suplente de uma equipa que andou a lutar pela despromoção em Espanha já não há mais avisos a dar. O goleiro está desculpado, o treinador não. O terceiro da Alemanha é culpa sua (ontem foi só esse mas até ontem as asneiras foram muitas mais).
2. Também não foi por falta de aviso que a Alemanha resolveu explorar a ala esquerda portuguesa, se bem que ontem a direita não esteve melhor. Depois de ter mostrado que nem contra a Suíça era capaz de fazer uma exibição decente, o PF conseguiu ontem fazer pior e ser culpado directo em dois golos alemães. No 1º pode acusar-se o Bosingwa de ingenuidade por não fazer um 'chega lá' ao centrador mas ninguém pode entrar ao 1º poste com essa leveza. No 2º o empurrão não é diferente dos milhares de empurrões na área que sofrem defesas e atacantes em todas as bolas paradas. Também não foi por falta de aviso porque o PF vinha fazendo asneiro desde o 1º jogo (a Turquia só atacou pelo lado direito, a República Checa idem, a Suíça idem). Fica também por saber porque se levou o Jorge Ribeiro ao euro.
3. Pior ainda (porque nos pontos anteriores sempre há quem diga que não temos melhor, o que eu contesto), fica a questão das bolas paradas. No dia anterior tinha ouvido o Felipão a dizer que o grande problema dele era a altura dos jogadores alemães. Aliás, eu que sou um mega sarcástico achei até ofensivo quando ele se referiu aos jogadores portugueses como 'na minha equipa é tudo 1m15, 1m20'. Ou seja, o treinador sabia do problema. Pergunta: se eles são todos altos e nós quase (importantíssimo o QUASE) todos baixos, porque é que insistimos em defender as bolas paradas em homem a homem? Objectivamente, Portugal tinha 5 jogadores em campo com altura razoável (os centrais, PF, CR7 e o Gomes) para quase todos os alemães. Não existe nenhuma combinação de pares que pudesse equilibrar a equação. Ou seja, qualquer defesa homem a homem deixa sempre, no mínimo, 5 alemães em clara vantagem física. Novamente a pergunta: porquê insistir no homem a homem? Também esta variável não veio sem aviso porque Portugal sofreu contra a República Checa e contra a Turquia do mesmo mal e tem vindo a sofrer desse mal há algum tempo. Por curiosidade, lembram-se da selecção do Humberto Coelho ter sofrido tanto com as bolas paradas? E tirando a fase final do Euro Portugal jogava com o Sá Pinto no ataque, que não era exactamente um gigante, e em campo tinha apenas 3 jogadores com alguma altura (centrais e o grande AX).
Portanto, acho que perceberam que aqui o treinador de bancada põe parte da culpa (eu diria um 60%) no treinador. Os jogadores é que jogam e por isso têm parte da culpa mas o treinador é que prepara os jogadores e há erros de palmatória que vêm de longe. Sobretudo quando 2 dos golos em contra vêm de bola parada (ainda hoje me lembro da escassez de faltas no meio campo defensivo do Porto do Mourinho, isso também se treina) e por falhas de marcação.
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