Sunday, December 14, 2008

PQP os aeroportos

Odeio aeroportos, acho que já aqui o disse antes. E odeio viajar em épocas de rebuliço nos aeroportos, como por exemplo Thanksgiving nos Estados Unidos, Agosto em geral ou... Natal na Europa.

Felizmente que hoje já não se vê o espectáculo que era normal há uns 10 anos nos aeroportos de Paris do pessoal com galinhas e coelhos a entrar no avião e o aeroporto feito quinta. De qualquer forma, viajar na época natalícia é trágico. Eu deveria saber disso e, quando marquei o meu voo, deveria ter desconfiado das 2 escalas e ter optado pelo mais caro mas imensamente mais conveniente voo directo. Consequência: estou a 2h de entrar no meu 2º voo atrasado e o atraso do 1º já me fez perder um avião. Em total, desde que saí de Boston já passei 18h em aeroportos. Como ainda por cima resolvi fazer directa na noite antes de viajar para me despedir do pessoal em Boston e fazer a mala com tempo, já não vejo uma cama há... deixa fazer as contas... 54h. E como na quinta-feira dormi 2h, levo 6h de sono nas últimas 96h de vida. Como é adorável o natal.

Para cúmulo, os senhores da Iberia acham normal os seus voos atrasarem-se 1h30 e não só não pronunciam uma única expressão de desculpa como ainda acham que não devem pagar pelos custos do atraso. Obviamente, substimaram o humor de alguém que não dorme há 54h. E lá puxei do meu melhor espanhol e disse ao senhor para ir apanhar no rabinho se quisesse mas para antes deixar o cheque e pardon my french. O senhor corou, tentou esboçar uma resposta mas deve ter achado que a retaliação podia ser ainda pior e lá me pagou.

Como murphyano convicto, não duvido que as coisas pudessem ser ainda piores. Por exemplo, as coisas correram bem com as bagagens porque ainda está toda comigo. Claro que só uma é que viaja no porão e essa hoje chegou 1h mais tarde que o dono. Mas mesmo assim não é mau. E outro exemplo, o voo por que aguardo neste momento podia atrasar-se ainda mais. Há razões para o optimismo.

4x4x4?4

This is an adventure of fours. 

The 4th of January sets the kick-off of our project, the day we all arrive in Uganda. By we I mean the 4 MIT students who will be working with URI in Mbarara, in the southwest of Uganda. The 4 of us represent 4 different nationalities: Emily from the US, Sarah from Australia, Andres from Venezuela, and myself from Portugal. We will spend 4 weeks in Africa, although one of those will be dedicated to chilling somewhere around. And the last 4, the number of countries we will be visiting: Uganda, Rwanda, Tanzania, Kenya.

Oh, I forgot a last 4, hopefully the 4 that will be back in Boston in February :)

Friday, December 12, 2008

Fim de semestre

Hoje terminei oficialmente o meu 3º semestre do MBA depois de 3h de exame de finanças. Para minha infelicidade, isso significa que já só falta 1 semestre para isto terminar. Estou deprimido.

Lá fora chove abundantemente e não me apetece pensar na mala que tenho que fazer para 1 mês e meio e 3 geografias diferentes. Ah! E que caiba tudo numa carry-on para não ter que fazer check-in. Criatividade...

Vou conseguir sair de Boston este ano sem ter visto neve, um upgrade significativo face ao ano passado quando, a estas alturas, já contávamos a neve em metros. E depois só volto ao frio em meados de Fevereiro, sweet!

Vou fazer a mala. Ugh :(

Tuesday, December 9, 2008

Não é por ser Natal

Mas aqui fica uma recomendação. Acabo de terminar aquele que penso foi o melhor livro que li este ano. Vai daí, achei que devia partilhar.

Em breve, o livro retoma o tema da utopia, Shangri-La, um convento em pleno planalto tibetano onde um grupo de monges de diferentes nacionalidades vive sob o princípio do uso da moderação em todas as suas atitudes. A história de um pequeno grupo que aí chega, aparentemente por acaso, e a sua transformação às mãos dos monges leva-nos à reflexão sobre o que é realmente a felicidade e os custos de manter uma comunidade que, pelo menos à primeira vista, parece perfeita.

Penso que existe uma versão traduzida de seu nome "Horizonte Perdido".

Friday, December 5, 2008

Portugal no divã

Parece que desde que comecei a pensar no assunto, que não foi há tanto tempo, a matéria de reflexão não pára de crescer. Hoje lia um artigo do Lourenço Viegas, crítico gastronómico, e ele dizia “o problema é conseguir que um grupo de portugueses reconheça que lhe aconteceu qualquer coisa boa num ano e, ainda por cima, agradeça publicamente por isso. Muitos preferiam ser colonoscopizados na mesa da sala de jantar a mostrarem-se gratos em frente daquela gente toda por alguma coisa”. Acho que acertou em cheio.

Espero que os psicólogos me perdoem mas vou sentar Portugal no divã e tentar traçar o quadro patológico. Começo por eliminar o ruído, os tiques comuns a todos os países que eu conheço, apesar de nós (e os outros) dizermos “Isto só aqui”. E o ruído inclui dizer mal dos políticos, não importa a sua valia ou o que possam ter feito, pensar que somos os maiores antes do Mundial e os piores depois de perder, gostar de espreitar pela fechadura da porta do vizinho, olhar para os resultados de curto prazo mas dizer que o importante é o longo prazo. Estarei com certeza a esquecer-me de outros mas penso que estes são os importantes.

Então o que resta? Posso resumir o problema a quatro manifestações primárias. Decidi eliminar sintomas típicos da vasta cultura latina e que são comuns a outras nações. E ao mais puro estilo consultor, penso que estas quatro manifestações cumprem a regra MECE (mutuamente exclusivas e colectivamente exaustivas).

Classista. No fundo, toda a gente gostava de estar numa monarquia onde, naturalmente, deteria algum título nobiliárquico. Como estamos numa república vingamo-nos nos Dr, Eng, Arq e afins para, obviamente, espezinhar aqueles que são simples Sr. E sempre que tem oportunidade, o português lá envia mais um sinal à sociedade que está num patamar superior: seja o carro maior que o vizinho, o gabinete 2 metros maior ou o dente de ouro.

Queixinhas. Poderíamos dizer também negativo. Não é pessimismo e nem sequer sentido critico, é puro queixismo. Como dizia o Lourenço Viegas, antes um tubo pelo rabo a dizer que alguma coisa vai bem na vida. Dizer mal pelo prazer de dizer mal. É uma das características que mais odeio numa pessoa, a auto-complacência à espera da compaixão alheia. Não terão a minha.

Passivo. O português queixa-se mas não faz nada por mudar. Acomoda-se e continua a queixar-se. Diz mal do carro novo do vizinho mas não pensa como pode conseguir um igual. É governado por um ditador mas não o tenta derrubar. Tem um emprego de merda mas não procura um novo. E vai olhando para a sua aparente ou real desgraça como se de uma fatalidade se tratasse.

Medroso. Não se fazem as coisas por aquilo que pode correr mal. Há quem lhe chame pessimismo ou aversão ao risco, eu chamo medo. E distingo entre um corajoso e um temerário. Ninguém pede temerários, apenas corajosos. Aos medricas pode-lhes acontecer duas coisas: nada ou borrar-se nas calças. Mais tipicamente acontece o primeiro e obviamente quando nada se faz nada acontece. E virá alguém dizer: também não acontece nada de mau. Ao que eu respondo: o problema é que não acontece nada de bom. E um tipo corajoso sabe avaliar quando é que as probabilidades de acontecer algo negativo são demasiado altas para arriscar o pelo.

Naturalmente que os portugueses têm imensos aspectos positivos, mas estes quatro representam um forte lastro que têm, em minha opinião, atrasado o país de forma considerável.

As boas notícias é que estes aspectos são reversíveis, pelo menos na opinião do optimista que eu reconheço que sou. Como? Chama-se educação. É possível educar as nossas crianças a ter uma atitude positiva, pró-activa e corajosa. E se nas escolas se perder a fleuma e se criar uma relação de maior proximidade entre professores e alunos também estaremos a ajudar a remover o sistema de classes.

Enquanto isso não acontecer eu não vejo possível reverter um ambiente económico e social depressivo onde dificilmente as empresas podem ser competitivas. Porque as empresas são, em última análise, pessoas. E quando entramos no ciclo vicioso da queixa, atitude passiva, medo dificilmente se consegue transformá-lo num ciclo virtuoso. Individualmente é possível, basta querer e tentar. Mas a nível de uma sociedade é complexo.

Fica a reflexão.

Tuesday, December 2, 2008

Uma questão de timing

Problemas de timing. Como é que eu me esqueci desta personagem no meu post anterior? Segundos depois de o escrever li esta obra de arte. Este senhor é muito mais criativo que eu. I rest my case!

Fechemos a loja

Não sou psicólogo nem aspiro a sê-lo mas esta semana algumas leituras jornalísticas e outras discussões na blogosfera deixaram-me a pensar sobre a forma de retratar o perfil psicológico do país. Quando falo do país falo das pessoas que o ocupam e, naturalmente, corro o risco de generalizar mas seria fastidioso estar a analisar o perfil de cada um dos cidadãos. Facilitismo? Talvez… Mas esta reflexão exige mais tempo, talvez para o próximo post, talvez para a próxima semana.

O tiro de partida para esta reflexão foi dado por uma série de artigos de opinião que têm sido publicados em jornais que considero de referência e blogs de gente que julgo competente. Esta gente retrata aquilo que eu vejo como próximo do apocalipse. Estando eu a menos de um mês de visitar a terra mátria (crédito para o Pe. António Vieira por esta), fico a pensar no cenário de caos e terror que me espera.

Eis o Portugal pelas lentes de um emigrante.

Começamos pela crise que não vai deixar pedra sobre pedra. Os bancos vão desaparecer, o crédito vai deixar de existir e a única boa notícia é que deixamos de ouvir o Paulo Portas pedir todos os dias a demissão do governador do Banco de Portugal.

As escolas são hoje uma espécie de fusão das favelas da Rocinha e da Babilónia num terço do espaço. Os professores agridem ministros e os alunos batem nos professores. Espera aí, não devia ser ao contrário? Está mal. Os professores deveriam ser autorizados a andar armados, a velha regra do oeste reduziria de uma assentada o insucesso e o abandono escolares porque eliminaria essa escória que pulula nas escolas. Por escória entendamos os alunos, claro!

O governo é autoritário, autista, incompetente, uma besta portanto. E vai à frente das sondagens, o que só deixa claro que os portugueses são incompetentes para escolher quem os governa. Esta teoria credito-a à Manuela Ferreira Leite mas há várias almas por aí que pensam o mesmo mas não o dizem. Infelizmente a ideia da MFL não é nova e já foi testada noutros países, conheço os casos da Coreia do Sul e de Singapura. Mas nós não somos asiáticos. Que chatice!

Por falar em MFL, o principal partido da oposição (de momento) está em risco de extinção. Pelo menos desde há um ano ao que parece, o que indica uma extinção lenta, assim como a do sol. O verdadeira caos político.

A saúde vai de mal a pior. Os hospitais portugueses são piores que tendas hospital em tempo de guerra. Como tal a solução é acabarmos com o SNS e irmos todos para o privado. Claro que quem propõe isto não tem dois dedos de testa para se lembrar de deitar uma olhada aos Estados Unidos e ver no que essa aventura pode resultar. Mas porque raio é que o SNS não funciona como os sistemas de saúde dos suecos e dos noruegueses? Se calhar porque não somos suecos. Ou seja, nem asiáticos, nem suecos.

Acho que aí está o nosso problema. O problema do país é que é habitado por portugueses. Se ainda fossem suecos, ou coreanos. Ou talvez mesmo espanhóis. Heresia! Parece que o presidente das Ilhas Maldivas está à procura de um pedaço de terra para onde mudar a nação quando o nível das águas do mar submergir o arquipélago. Não é tanga!

Eis a minha solução. Com os dotes de vendedor que o Sócrates já demonstrou a vender o Magalhães (nunca o nome da família apareceu tanto nos jornais), façam-no promotor imobiliário, mandem-no para o Índico e verão que ele conseguirá vender a nossa terrinha ao melhor preço. Haverá forma mais honrosa de fechar o tasco do que passá-lo a uma nova gerência?