Friday, August 21, 2009

Mudança de casa


Depois de 2 anos de bons serviços, o caipirau vai desaparecer. E porque a herança é pesada, em vez de 1 vão passar a co-existir 3 blogs com temáticas diferentes. Vamos ver se consigo arranjar tempo e assunto para os alimentar a todos. Serve este post para dizer que a partir de hoje a minha nova casa online é a velha casa que nunca deixou de existir






Espero ver-vos aí com os vossos comentários sempre oportunos. Até breve.

Saturday, April 25, 2009

E ao 18º dia, Nova Zelândia

Os 3 resistentes em Queenstown
E o 4º fiel companheiro de viagem, Kangurulo
Panorâmica de Queenstown ao atardecer

Ao 18º dia por terras meridionais eis que chegou o momento de tocar solo neozelandês. Com o grupo reduzido a 3 resistentes e um 4º adoptivo, saímos às 7 da manhã de Sydney para 3h depois aterrar em Auckland. Não houve tempo para cheirar a cidade já que fomos imediatamente para o terminal de voos domésticos apanhar o avião para Queenstown.

A aterragem em Queenstown foi dos momentos mais assustadores que já tive a bordo de um avião, e isso que adoro viajar de avião e já tive alguns sustos. Mas um Boeing 737 a aterrar entre duas paredes de 2000 metros, a balançar violentamente por causa dos ventos cruzados e a dar solavancos de vários metros por culpa dos poços de ar, confesso que é obra.

O que importa é que aterrámos e a partir daí esperavam-nos 2500km de road trip desde Queenstown na ilha sul até Auckland na ilha norte.

Thursday, April 23, 2009

Destino Austrália - Dias 13 e 14 - Blue Mountains

Mirando as Blue Mountains
Alinhados para o grande rapel de 30 metros
Prontos para um salto de 7 metros?

Interrompemos a nossa estadia em Sydney para, durante dois dias, irmos até às Blue Mountains, a 4 horas da cidade, e explorar as gargantas dos rios daquele parque natural da melhor forma possível: cannyoning. Ou seja, corpinho na água e toda a navegar rio abaixo como for. E como foi! Saltos de 7 e 8 metros para buracos negros – confiança nos guias –, slaloms naturais que batem qualquer parque aquático, braçadas por meio de gargantas escuras com as teias de aranha ameaçadoras a passar ao nosso lado, e uma descida em rapel de uma cascata de 30 metros que foi a cereja em cima do bolo. Em dois dias exploramos 3 rios e não foram mais porque não houve mais tempo.

Destino Austrália - Dias 11, 12 e 15 a 17 - Sydney

Subindo ao arco da Harbour Bridge
Velejando por Sydney
Conhecendo a noite da cidade
Darling Harbour
Concerto na Opera House

Sydney é a capital de facto da Austrália, a maior cidade do país, cosmopolita e viva, com restaurantes de primeira água e uma noite vibrante. Como se fosse pouco, tem praia, e boa, e um porto lindíssimo e enorme que envolve a cidade.

Visitámos Sydney em duas rondas. A primeira foi para fazer o plano tipicamente turístico. Subimos ao grande arco da ponte mais emblemática da cidade para daí ver as vistas sobre o centro e a baía, passeámos pela linha de praias para ver as falésias e a arquitectura mediterrânica, vimos a Opera House e as várias docas.

Entre a primeira e a segunda ronda em Sydney fomos às Blue Mountains e na segunda visita escolhemos planos menos turístico. Fizemos o plano nocturno e conhecemos as melhores discotecas da cidade, óptimas por sinal, fomos ao bairro dos bordéis e das prostitutas, frequentámos a noite a fora de horas, as discotecas da moda e as manias da cidade – ténis tudo bem mas com camisa, algo com gola. Fizemos também o plano gastronómico, que incluiu um manjar de deuses no Rockpool, o restaurante de Neil Perry, um dos mais famosos chefs australianos, mas que também passou por pub food, churrasco e outros petiscos típicos australianos. Ainda fizemos o plano desportivo, que foi desde as caminhadas por Bondi Beach, às braçadas no mar e à vela pelo porto de Sydney. Não nos esquecemos do plano cultural, e fomos a um bom concerto de Beethoven e Bartok com a Sinfónica de Sydney na famosa Opera House.

Comop podem ver, Sydney é uma cidade muito completa. Mais uma a juntar às cidades onde poderia viver.

Tuesday, April 21, 2009

Destino Austrália - Dias 9-10 - Melbourne

Flinders Street Station
Vitrina em Fitzroy
E mais uma...
Xadrez gigante na rua
E mais um cartaz de celebração
St. Kilda Beach
O trio quando começámos a prova de vinhos
E o mesmo trio no Longrain

Melbourne fica no sul da Austrália, a 4 horas de voo de Port Douglas. O objectivo era passar o fim de semana por Melbourne e, se as coisas corressem bem, tentar voltar no seguinte para ver a corrida de F1.

Daquilo que vi em Melbourne, o que mais me impressionou foi a importância que a cidade dá ao desporto: estádios sem conta, espaços para correr, faixas para bicicletas, programas de incentivo ao desporto. E os efeitos são visíveis na fauna local, a qual felizmente para nada reflecte os genes britânicos de onde supostamente vêm.

Na primeira noite em Melbourne fomos à engagement party de uns amigos locais, festa rija que acabou, como sempre, com o pessoal a cantar na rua e a comer porcaria às tantas da manhã.

Domingo começou com um brunch de combate à ressaca e passeio pelos bairros mais pitorescos de Melbourne - Fitzroy, Saint Kilda. A cidade tem personalidade e isso agrada-me.

Por volta das 18h resolvemos fazer uma pausa em frente à praia para tomar um copo de vinho antes dum último passeio pela praia e do jantar. Mas nem sempre as coisas correm conforme o planeado e o petisco que pedimos com o copo atrasou-se, pedimos entretanto um segundo copo para ajudar à espera e copo puxa copo acabámos num estado lastimável 3 horas depois.

O jantar no Longrain, um tailandês no centro da cidade, foi fantástico e a noite seria também se não estivemos já KO.

Thursday, April 16, 2009

Destino Austrália - Dias 5-8 - Port Douglas

A piscina da Villa Empat Puluh Dua
Um simpático e sorridente crocodilo
O Marvin com a malta
Dois cangurus a fazer indecências

Port Douglas fica no topo nordeste da Austrália, região tropical com temperaturas amenas durante todo o ano. Quando aterrámos em Cairns pudemos comprovar a isso mesmo: humidade, calor e as gotas de suor a querer escorrer pela testa.

A casa que alugámos em Port Douglas foi um ícone da nossa viagem, unanimemente considerada a melhor casa em que qualquer um de nós alguma vez esteve. A Villa Empat Puluh Dua, situada numa encosta no meio de densa vegetação, tinha todas as divisões abertas para o mar, incluindo os 9 quartos, casas de banho e as várias salas de jantar e estar. A piscina, que mais parecia um lago natural, também ela mirava a baía de Port Douglas. Naturalmente que aproveitámos a casa para cozinhar uma churrascada e usar intensivamente a piscina, já que era época de moreias na costa de Port Douglas e os banhos estavam restringidos a uma pequena zona protegida por redes.

Mas Port Douglas é conhecido por uma razão: a grande barreira de coral. E para lá fomos no primeiro dia. 3 mergulhos deram para ver de tudo: coral de mil cores, Nemos com fartura, tubarões, e peixes extremamente amigáveis.

Em Port Douglas também aproveitámos para fazer uma visita à região mais remota de floresta tropical e observar de perto os tão famosos crocodilos australianos. Como dizia o nosso guia, devíamos ter menos medo dos tubarões e crocodilos, que em média são responsáveis por 2-3 acidentes por ano, quase sempre gente incauta. Por outro lado, há cerca de 5 mortes por ano por mordedura de cobras e cerca de 50 por picadas de aranha. Carai! Cuidado com as teias!

A estadia por este canto deu ainda para ver e alimentar cangurus, papagaios e koalas. Muito produtivo!

Tuesday, April 14, 2009

Destino Austrália - Dias 1-4 - Byron Bay



Depois de 26 horas de voo a chegada a Ballina, o aeroporto que serve de base a Byron Bay, foi um alívio. E mais se tivermos em conta que saí de Boston com neve na rua e temperaturas negativas para aterrar com sol e a 35 graus.

Byron Bay é um paraíso de surfistas e hippies entre Brisbane e Sydney. O melhor deste lugar é que ninguém parece importar-se com a aparência, raça ou discurso dos que o rodeiam. Cidade sem preconceitos onde cada um se mete na sua vida. Gosto disso.

Os dias passados em Byron Bay serviram para tirar a fome de praia e mar com ondas espectaculares e a água à temperatura ideal. Também deram para vermos cair uma tempestade tropical como há muito não via e aproveitamos as condições da casa que alugámos para fazer um churrasco na piscina e provar pela primeira vez salsichas de canguru. Nada de especial.

Sunday, April 12, 2009

Regresso a Boston

Depois de 24 dias passados na Oceânia, eis-me de regresso à chuvosa e fresca cidade de Boston. Longe vão os dias de sol e calor de Byron Bay e as noites de folia em Sydney.

Para abrir o apetite, aqui fica o itinerário desses dias e as fotos da viagem.

13-16.Mar – Byron Bay, Surfer’s Paradise, Goald Coast
17-20.Mar – Port Douglas, Grande Barreira de Coral, Rainforest
21-22.Mar – Melbourne
23-24.Mar – Sydney, Bridge Climb, Vela no Porto de Sydney
25-26.Mar – Cannyoning nas Blue Mountains
27-28.Mar – Regresso a Sydney, Bondi Beach
29.Mar – Partida para a Nova Zelândia, Aterragem assustadora em Queenstown
30.Mar – Início do road trip pela Nova Zelândia, Te Anau, Milford Sound
31.Mar – Glaciar Franz Joseph, Arthur’s Pass, Christchurch
1.Abr – Christchurch, Kaikoura e as baleias invisíveis, Blenheim
2.Abr – Passeio vinícola em Marlborough, Picton, Ferry para a ilha norte, Wellington
3.Abr – Rafting em Rotorua, spa nas águas volcânicas e mal cheirosas do Lago Rotorua
4.Abr – Descida às cavernas de Waitomo, rafting e slide subterrâneos, Auckland
5.Abr – Auckland, Bungy Jumping na Harbour Bridge

Tuesday, February 3, 2009

De volta a casa

E eis que por fim regresso a casa. Após 1 mês em África ficam as memórias e os textos, todos compilados aqui. Voltam as aulas, volta o frio, voltam os amigos e voltarão as novidades.

Huganda, reflection after Africa


‘There is a lot of stuff we don’t know. That does not make it nonexistent, it just makes us ignorant.’ My father used to tell me this, I guess rephrasing Socrates’ motto ‘all I know is that I know nothing’.

After four weeks in Uganda and Tanzania that is how I feel: there is a lot of stuff that I don’t know. That would not be a big concern if I were the only ignorant, but it is a massive problem when most of the Western world knows so little about Africa.

While I was in Mbarara, for two weeks I was flooded with the war on Gaza. For two weeks, CNN, Al Jazeera, and BBC would dedicate most of their airtime to the war. The war ended conveniently on time for Obama’s inauguration. The war’s toll, which is obviously horrible, was 1000+ victims. Meanwhile, 80 people were murdered by LRA in northern Uganda, a few hundreds were being killed by the rebels in Northeast Congo, and drought in Uganda and Sudan was causing an unknown number victims. However, CNN, Al Jazeera, or BBC publicized none of these casualties.

Other than the AIDS calamity, a rebellion here and there, or a large tragedy, Africa is invisible for us, the Western world, the first world. People die and suffer in silence, they do not call reporters, they do not expose their tragedy. And we pretend they do not exist.

Not everyone of course, there is foreign aid, people who throw copious amounts of money to finance aid programs in Africa. There are probably programs for every single aspect of life in Africa: education, healthcare, food, infrastructure, elections. Any excuse is a good excuse for an NGO to exist. Half of the foreign aid money will probably end up in the pocket of a corrupt government official but no one seems to care. Foreign aid reminds me the old Chinese proverb ‘Give a man a fish and you feed him for a day. Teach a man to fish and you feed him for a lifetime.’ Foreign aid in Africa gives the fish but it does not teach how to fish. I still don’t know if this happens because people are ignorant, which though sad is forgivable, or because NGOs have a vested interest in maintaining the status quo, which is inadmissible.

Subsidy dependence is something that a lot of people talk about in Portugal and I never fully understood until now. If you get everything for free without effort, why would you work? I can also point out similarities between this and spoiled kids. If you are used to get everything easily and if at some point the source dries up, you don’t know how to do things by yourself. And since you are used to get everything effortlessly, you will blame someone else for your problems and expect someone other than you to solve them.

I am not inventing a new theory or discovering new problems, I am just repeating what more than one African told me about the situation in his country. Foreign aid feeds first a lot of bureaucrats in the Western world, then a lot of corrupt government officials in the third world, thirdly another bunch of aid workers who do not prescind from brand new Land Cruisers, a herd of helpers and other luxuries that most Africans will never have access to, and finally, with the leftovers, they buy people food, books, clothes and medicines. Who decides where and how to invest? The first world. Locals are not involved.

I talked to a lot of ambitious people with plans and dreams. However, most of the time those have two options: they have to do everything on their own because no one else is interested in working, or they flee their homeland and fulfill their dreams somewhere else. The fault? They say NGOs are feeding people, giving what they should farm and grow, and making sure that every basic need is covered. As someone told me in Uganda, ‘if you are used to have food, clothes and shelter by begging, why would you want to work?’

This economy leads to subsistence agriculture, no industry, and very few services, eliminating currency circulation, which means no revenue for the government, which means no money for public spending, which means more help from NGOs. The only currency that NGOs bring to the countries is what they spend in expensive hotels, fancy restaurants and new cars, but that is not enough to reactivate local economies and it just creates more subsidy dependence.

The little boys I spoke to have dreams, huge dreams for their age, but how many of those will survive the apparent curse? As one friend in Uganda told me, ‘If just you people left us alone we would then decide what to do with our country. If we want to make money we will farm our land and sell our crops in the market. If we want to study we will build schools and hire teachers. If we do not want any of this, we will just peel bananas and eat matooke everyday.’

Of course, problems in Africa can hardly be explained by pointing the finger to philanthropy. You have corruption, civil wars, tribalism, colonialism heritage, fight for natural resources, dictatorship, you name it. But it is obvious that foreign aid, as it has been happening until now, is not the solution. So why insist? Why do we keep on trying to make them happy the way we think they will be happy? Why insisting on sending money to feed corrupt ministers?

The most positive I take from my time in Uganda and Tanzania is the optimism of the people. Maybe it is a coincidence but I saw more optimistic and less whining people in Uganda, where NGOs presence is not as strong. Or maybe it is just cultural. But in general people are optimistic, ‘things are getting better’. Slowly, because no one is in a hurry and rushing is rude, despite the angry westerners who keep complaining of Africa’s slow pace. ‘Haraka haraka haina baraka’ is a Bantu proverb that means hurrying brings bad luck. And slowly Africa is moving forward, at least according to the optimistic Africans I had the opportunity to talk to.