Talvez por me armar em turista, Sampa resolveu fazer-me das suas e demorei 2h30 a chegar ao aeroporto. Em vez de ser eu a esperar pela visitante, foi a visitante a secar 1h no aeroporto enquanto o taxista se debatia com o trânsito.
A ideia do primeiro dia de turismo em São Paulo era pura diversão; jantar e copos. A reserva estava feita há tempo para aquele que é considerado o melhor restaurante japonês em Sampa. Estando em SP a maior comunidade japonesa a viver fora do Japão, isto não é uma qualquer banalidade. O jantar foi, de facto, uma delícia com um menu degustação muito equilibrado e com alguns destaques assinláveis (como o atum com foie gras e ovas de salmão, o niguiri de enguia ou o sorvete de maçã verde e gelatina de sake) mas mesmo assim, e apesar do abuso no vinho, a conta final pareceu exagerada. R$650 para 2 pessoas é muito dinheiro em qualquer lado e não fiquei com a ideia que estava ante uma refeição dessas que ficam na memória por muito tempo.
São Paulo é uma cidade desarticulada em vários sentidos. Já há algum tempo atrás falei aqui da questão urbanística mas ela estende-se ao social igualmente. Um amigo tuga tinha dito já há tempos: se não tens dinheiro vive na Europa, se tens dinheiro vem para a América do Sul. De facto São Paulo permite uma qualidade de vida impressionante para os amantes de boa comida, boa festa e bons espectáculos mas o preço a pagar é absurdo tendo em conta o nível geral médio da população. Qualquer restaurante bom em Sampa cobra acima dos R$100 por pessoa, e assim passamos dos lugares realmente baratos (R$20-30 por uma picanha bem servida com cerveja num boteco) para a classe a seguir que só está acessível a muito muito poucos.
É uma cidade sem tronco. Estão lá as pernas, está a cabeça, bem pequena, mas o tronco é raquítico. E isto apesar da classe média em São Paulo ser uma realidade bem visível. Mas essa classe média tem dificuldade em encontrar o seu espaço na cidade.
A noite acabou no Skye, o bar do hotel melancia, um hotel em forma de uma melancia gigante com pevides e tudo. Do bar, que fica no último andar do hotel, temos uma vista privilegiada da cidade. Privilegiada que não bonita. Se bem que de noite Sampa ganha algum glamour, como qualquer mulher feia que conhece os seus defeitos e os maquilha sob esse manto de escuridão a tentar apanhar algum desprevenido que não quer esperar pela luz do dia.
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