O último dia da viagem foi passado em Petra, Jordânia, a cidade com 2000 anos escavada na rocha e cenário de vários filmes, incluindo um dos Indiana Jones. A viagem foi decidida à última hora. No hotel em Eilat diziam-nos que um tour de um dia a Petra custava uns 200 dólares. Decidimos que tinha mais piada fazê-lo à revelia das excursões de velhos reformados apesar dos avisos no hotel de que era perigoso e eventualmente nem conseguiríamos passar a fronteira. Jovem, estamos a falar de gente que atravessou a Palestina de norte a sul, perigo??
O mais duro foi levantar-me às 6 da matina depois de ter chegado da noite às 4h30 e não exactamente no melhor estado. Lá me arrastei até ao táxi que nos levou até à fronteira e conseguimos chegar ao posto de controlo de passaporte mesmo antes de uma 500 mil alemães de lancheira na mão e fitinha de resort no pulso. Não, definitivamente isso não é para mim. O processo "complicado" para passar a fronteira demorou... 15 minutos. Carimbo aqui, taxa de fronteira ali, abraço ao gajo da fronteira, foto com o outro da metralhadora dentro do Hummer e estamos na Jordânia.
E agora? Isto é um bocadinho deserto. Quer dizer, é mesmo deserto. Um primaço veio ter connosco.
- I take care of you. Where do you want to go?
- Petra
- I take care of you. Come with me.
- Primaço, mais calminha. How much?
- 120 dinnars go and return. i wait there for you
- 120? E apanhar no rabinho não? Népia, 80 dinnars e não se fala mais nisso.
- 80? Are you crazy? I have six children to take care, you're robbing me!
- Chora chora meu menino, 80 dinnars
- 90 dinnars and it's price for friends
- So let's go my friend
É preciso dizer que o Jameel, o nosso motorista, foi de facto impecável. Fomos a casa dele, conhecemos a mulher, trocamos para um carro maior e lá fomos para Petra. No caminho ainda nos ofereceu um café turco e um chá das arábias num café isolado no meio do deserto e continuamos. I take care of you. E lá nos foi contando coisas sobre a Jordânia, sobre como o país tem progredido mesmo sem ter petróleo numa região onde todos têm petróleo. Sobre como o novo rei é um panasca comparado com o pai. Sobre como os israelitas que vêm à Jordânia de carro têm que mudar de matrícula na fronteira senão seriam crucificados já que a maioria da população é palestiniana. Sobre como os jordanos são de origem beduína apesar de poucos serem já nómadas (se bem que nós vimos porradas e porradas de tendas habitadas no deserto).
Petra é espectacular. 5h de caminhada incluindo uma subida ao templo em burro. No regresso o Jameel queria levar-nos a almoçar.
- Very nice restaurant, very good food
- Good for tourists?
- Yes! Good for tourists?
- We don't want that. We want a place for locals.
- This restaurant is very nice. From a friend. He will do a good price.
- No, we want a shady place where only locals go.
- The girl is fine with that?
- Absolutely
- Crazy Europeans! I'll take you to a friend's place. Best kebab and turkish chicken.
- Perfect!
E lá fomos nós para a tasca do amigo do Jameel comer kebab e turkish chicken. Escusado dizer que quarto de banho era grupo e mal conseguimos passar as mãos por água. Como tudo se comia à mão acho que soube melhor até, sobretudo das nossas mãozinhas terem andado a passear pelo lombo do burro. A comida era de facto muito boa. E no fim lá voltámos à fronteira porque o sol começava já a cair.
Portanto já sabem. Se querem ir à Jordânia, esqueçam os tours. O país é completamente seguro e a gente ultra simpática e acolhedora. E se forem e quiserem falar com o Jameel, liguem para o 00962-779783148 e digam que vão da minha parte.