Saturday, November 29, 2008

Mission assigned: Uganda


© Lonely Planet

© Lonely Planet

Esta semana foi-me finalmente confirmado o meu projecto de Inverno. E como tal, passarei o mês de Janeiro inteirinho no Uganda, a trabalhar com a URI (Uganda Research Initiative), uma organização que financia investigação na luta contra a SIDA. Eu bem andei de olho num outro projecto, no Rwanda, com a Comissão Nacional de Luta contra a SIDA mas este acabou por ser abortado. De qualquer forma, este projecto tem uma pinta do catano e acho que vai dar para contribuir imenso.

O final de mês de Dezembro vai ser um teste à minha resistência ao jet lag, que eu tenho por excelente. No dia 29 de Dezembro saio do Porto com destino a San Francisco para passar o ano com a Japi. Como tenho o fuso a meu favor chego a San Francisco ainda no dia 29 depois de passar por Madrid e Miami. No dia 3 de Janeiro saio de San Francisco com destino ao Uganda, com passagem prévia pelo Dubai e vista aérea do sudoeste asiático. Aí o fuso já não me acompanha por aquela cena do Pacífico onde de repente estamos no dia seguinte sem darmos conta. A mesma cena que garantiu ao Phileas Fogg e ao Passepartout ganhar a aposta dos 80 dias à volta do mundo porque eles vinham ao contrário. E eu, com o meu regresso a Boston em Fevereiro farei a minha particular volta ao mundo em... 40 dias.

Mas bom, chegando ao Uganda assentarei arraiais em Mbarara, no sudoeste do Uganda na fronteira com o Rwanda. Parece que é uma região pobre onde vamos ter contacto directo com a população beneficiária da investigação da URI (ou seja, SIDA e malária predominantemente).

Obviamente nem tudo é trabalho e durante o tempo que passar no Uganda vou aproveitar para viajar pelas redondezas. Já temos planeado rafting no Nilo Victoria (uma das nascentes do Nilo), visitar os gorilas na fronteira com o Rwanda, ver a maior migração de animais selvagens do mundo na Tanzânia e talvez aproveitar a visita à Tanzânia para subir o Kilimanjaro. Veremos...

Friday, November 28, 2008

Natal antecipado

Ontem foi natal antecipado aqui na América. Natal antecipado porque é a festa da família por excelência aqui, quando toda a gente voa para a terra natal para comer o perú com todos. E como é óbvio, os caipiraus não quiseram ficar atrás da tradição e seguiram a tradicional ceia festiva. Perú assado, puré, miúdos, cranberry sauce, pumpkin pie, etc, etc.

E hoje, enquanto toda a gente está em casa a comer os restos e a digerir os excessos do dia anterior, as lojas lançam o Black Friday. Promoções para todos os gostos em todas as lojas. Viva o consumismo. Claro que a é nestas ocasiões que a crise se faz sentir com mais força e ao que parece este é um dos piores Black Fridays desde há décadas com as vendas a cair 30% em relação ao ano passado. É que o pessoal já gastou o dinheiro todo no perú...

Isto é que vai uma crise!

Saturday, November 22, 2008

New York, New York

Cheguei ontem à noite a NYC para um fim de semana mais alongado e aconteceu-me aquilo que muitos outros testemunharam antes de mim: esta cidade atrai por razões desconhecidas. Mesmo antes de mergulhar na noite colérica ou experimentar um dos muitos óptimos restaurantes, eu já estava a pensar onde é que afinal quero viver nos próximos tempos.

Porquê New York? É essa a pergunta a que tenho tentado responder durante todo o dia. O hotel onde estou hospedado, o Millenium Hilton, mesmo em frente ao World Trade Center, oferece-me um contínuo ruído das máquinas que furiosamente tentam transformar em tempo recorde o Ground Zero na nova coqueluche da cidade. E como nem sequer tive um dia extraordinariamente ocupado, tive tempo para passear nas ruas onde pude novamente comprovar que esta é uma cidade stressada, ruidosa, fria, mesmo gelada nesta altura do ano. E ainda assim, estou aqui a pensar se de facto a Califórnia ou DC são melhores que esta realidade.

Daqui a pouco vou sair para jantar e depois copos e obviamente esta parte do programa só vai ajudar à confusão. Vou continuar a minha reflexão e se chegar a alguma conclusão registá-la-ei aqui.

Wednesday, November 19, 2008

Futebol em UCLA



Este fim de semana fomos jogar o torneio de UCLA em Los Angeles. Óptimo para fugir ao frio que se começa a sentir em Boston. 30 graus e muito sol foi o tempo que nos recebeu na Califórnia.

Desportivamente não se pode dizer que tenha sido um grande êxito. Eliminados nos quartos de final por penaltis depois de um festival de golos falhados e 3 bolas ao poste. Ainda não foi desta que ganhámos um torneio este ano.

A vantagem é que houve mais tempo para gozar a praia. O pior é que o meu dedo grande parece que saiu mal tratado do último jogo. Micro fractura e pelo menos um mês de recuperação pela frente é o balanço. Eu bem dizia que me doía...

Wednesday, November 12, 2008

Desanuviando

Estou de entrevistas até ao pescoço. Hoje estive 6h num escritório a ser inspeccionado. Vamos ver se me dão o selo verde.

Há quem vá de compras para libertar o stress, eu reservo viagens. Os últimos dias têm sido profícuos neste aspecto e assim já comecei a desenhar o meu próximo calendário de viagens. Gosto particularmente de ver o meu mapa mundo preenchido em toda a sua largura :)
  • Próximo fds – Los Angeles
  • Thanksgiving (27-30 Nov) – Miami (?)
  • Natal – Porto
  • Passagem de ano – San Francisco
  • Janeiro – Rwanda, Tanzânia, Uganda
  • Valentine’s Day – Austin, Texas
  • Spring Break (Março/Abril) – Austrália e Nova Zelândia
  • Fim de curso (Maio) – British Virgin Islands
Estou para ver como se sentirá o meu corpo depois de fazer, em pouco mais de 2 semanas, Boston, Porto, San Francisco, Amesterdão, Rwanda. Quando lá chegar enviarei um breve estado da nação.

Ainda faltam preencher alguns espaços mas à medida que forem surgindo ideias eu irei fazendo o upload. De momento vou pensado na toilette mais adequada para a noite de LA.

Saturday, November 8, 2008

Irá a crise económica mudar algo nas nossas vidas?

Acho que já poucos negam hoje que estamos em crise. Corrijo. Tirando o nosso PM, já ninguém hoje pensa que não estamos em crise (até o Zapatero finalmente percebeu!). A grande questão que todos se colocam é quais os efeitos de longo prazo que esta crise trará às nossas vidas.

A geração actual habituou-se a gastar mais do que deve e muitas vezes mais do que pode pagar. Os factos são indesmentíveis:
  • A dívida externa americana duplicou nos últimos 20 anos e é hoje 300% do PIB. Em Portugal esse número anda pelos $460 biliões, algo acima dos 200% do PIB, o que nos coloca no Top20 dos países mais endividados em termos absolutos (não exactamente algo de que nos possamos orgulhar).
  • As famílias poupam cada vez menos, isto quando chegam a poupar alguma coisa. Em Portugal o endividamento das famílias era de 130% há um ano.
  • Alegremente, os países ocidentais vivem à custa da generosidade de países emergentes, como a China, que continua a emprestar dinheiro a rodos. Na última década, a proporção de dívida pública americana detida por estrangeiros passou de 20% para 60%.
Como isto agora rebentou, e nem sequer pelas melhores causas já que foi mais por uma crise de confiança que por um problema efectivo de sobre aquecimento, não faltam profetas que já vêem mudanças civilizacionais a sair desta crise.

Apesar da crise estar para durar mais algum tempo (apostei esta semana que os mercados se começarão a levantar para finais de 2009), eu quase ponho as minhas mãos no fogo que pouco ou nada irá mudar no estilo de vida das pessoas. Talvez os bancos tardarão a voltar a emprestar com a facilidade com que o faziam até agora, mas uma vez assentada a poeira tudo voltará ao mesmo. E se não for a China a emprestar, outro virá para sustentar o estilo de vida ocidental.

O curioso das crises é que, apesar de repetirem os mesmos padrões ao longo dos tempos, quando que acontece uma é sempre a pior, mais devastadora e definitivamente aquela que irá mudar o paradigma actual. Não sei se ainda se lembram que esta crise tinha matado o capitalismo. Isso era só há um mês atrás e era capa da Economist, que não é exactamente o Tal & Qual. No entanto o capitalismo continua vivo, algo cambaleante ainda mas sem dúvida fora da UCI.

No fundo as crises económicas são a expressão mais viva de que o capitalismo é darwiniano: “It is not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent that survives. It is the one that is the most adaptable to change”. E curioso ainda que normalmente as primeiras a morrer são aquelas que cometeram os mesmos erros que, depois da última crise, todos juraram não voltar a cometer. E sobre isso recomendo a leitura deste artigo sobre a crise em Silicon Valley.

O Vazio

Vou continuar a falar de política neste blog. Tendo eu estado na América (ou nos EUA) durante o período de eleições e primárias, era com alguma expectativa que aguardava o discurso de vitória do preto escanzelado. Era a primeira vez que um preto magro chegava à Casa Branca. Afinal, há esperança para todos aqueles que têm um metabolismo acelerado.

Ouvi o discurso do Mac. E o Mac fez um discurso digno, aquilo que se espera de um derrotado com sentido de Estado. Em Portugal fizeram um grande alarido do discurso de derrota do Mac e não sei bem porquê. O Mac assumiu toda a culpa da derrota! Mas que raio esperava o povo que ele fizesse? 'A culpa foi toda da Palin que não sabe que os ursos polares não migram para a Rússia!'. O discurso do Mac foi normalíssimo! Excluindo África e a Venezuela, alguém ouviu alguma vez um discurso de derrota menos digno que este? Não sei que esperava o povão.

E depois veio o discurso de vitória. E o Barack Obama de repente virou o Reverendo Obama. O discurso foi do mais vazio que se poderia esperar, totalmente virado para o sentimentalismo tosco e básico. Eu, que sou ateu convicto, fiquei com os pelos em ponta quando comecei a ouvir o Rev. Obama a repetir 'Yes we can' como se de uma oração dos fiéis se tratasse. A religião não é comigo e achei o discurso de mau gosto. Mas como dizia a Japi, que mais podemos esperar de alguém que baseou toda a campanha em 'Hope and Change'?

Hope é o que todos temos neste gajo de metabolismo acelerado...

Friday, November 7, 2008

Carago pró Google!

Parece que a longa letargia afectou a bonecada do blog. As imagens desapareceram todas e eu não tenho as antigas. Vou ter que reinventar essa bonecada toda. Aceitam-se ideias para novo logo. Por falar em Google, eis mais uma pérola da tradução googliana. 
Esta semana foi o aniversário da Japi e alguém escreveu no postal de aniversário (não perguntem porquê):
- permisso pedir nu!
- Desculpa, qué qué isto??
- I googled 'Let's get naked'
No comments...

Saindo da letargia

A inspiração não escolhe lugar, tempo ou contexto. Eu, como artista de blog que sou, sofro desse problema e é assim que o Caipirau entra em longos períodos de hibernção. Tal como este último.

Para quem lê o blog e não conhece o verdadeiro artista poderia pensar que eu tinha sido engolido pelas areias brasileiras. Não foi o caso, os restantes dias das viagens pelo Brasil ficam para outra altura. O que me traz aqui hoje, aquilo que me fez sair da hibernação, foi algo extraordinário. Foi a Politica.

E eventualmente pensam vocês que eu vou falar do preto escanzelado que finalmente conseguiu cumprir o sonho americano. Apesar de ser de assinalar a primeira vez que um preto magro chega ao poder nos Estados Unidos, eu venho falar de dois factos políticos quiçá de maior relevância e peso.

Facto 1. O Santana “Penteadinho” Lopes é candidato à Câmara de Lisboa. Ao contrário de TODOS os outros cargos que ocupou até ao momento, desta vez é para ficar. E não é para ficar só até ao fim, é para 2 mandatos. Sim! 8 anos porque ele é um homem de palavra. Portugal já pode rivalizar com a Itália na corrida pelos maiores despropósitos políticos. Que este senhor tenha a cara de pau para se apresentar à maior Câmara do pais é lá com ele. Que um partido relevante como o PSD o apoie já me parece mais triste. Minto, não é triste, é penoso. Mas o pior é que, talvez na única tirada com sentido do penteadinho, se ele não tivesse opções de ganhar não se teria feito tanto ruído, e aí está o maior problema. Que o penteadinho possa ganhar a Câmara de Lisboa é uma razão para eu continuar emigrado por vários anos. Pior que isso só a Sarah Palin a governar os Estados Unidos. Ou não...

Facto 2. Alguém mal intencionado pegou no orçamento de estado (imagino que na única cópia que o próprio PM ou o ministro das finanças guarda na mesinha de cabeceira) e mudou a lei de financiamento dos partidos para que estes pudessem lavar dinheiro à vontade em ano de eleições. Já não há respeito pelas figuras de Estado. É preciso ter lata para entrar no quarto do Sócrates a meio da noite, gamar a pen, mudar o orçamento e voltar a pôr a pen na mesinha de cabeceira. Obviamente, isto só pode ser feito porque o PM, dada a sua dedicação ao país, dorme profundamente durante as poucas horas de sono de que dispõe. Mas não é só o PM. Do comuna Jerónimo ao comandante Portas, ninguém abriu o bico. O Portas já se via a ressuscitar o famoso “Jacinto Leite Capelo Rego” a depositar os seus milhões em cash. O curioso, e isto vem a propósito do Facto nº1, é que se isto tivesse ocorrido no tempo do penteadinho a imprensa tinha-lha caído em cima (com razão). Porém, e não sei eu porque carga de água, com o Sócrates toda a gente toma a hóstia e diz Ámen quando o senhor vem dizer que foi um lapso.

Enfim, há alturas em que não tenho grande orgulho de ser tuga. Um desses momentos aconteceu recentemente quando vi o PM a vender computadores na cimeira Ibero-Americana. E poderia continuar mas acho que para primeiro post depois de tanto tempo isto já é suficiente. Estou de volta. Até breve.