Uma aula de economia aplicada A eterna guerra dos sexos está na moda no meu mundo bloguista. E eu, invejoso, como não quero deixar de estar na moda, vou meter a minha colherada com base em acontecimentos bem frescos. Este é um post para todas as idades, não pretendo fazer deste blog um confessionário público.
Se não estou em erro, o efeito sinalização é um fenómeno que começou a ser estudado no âmbito da teoria económica. De forma simplista, o efeito sinalização consiste num acto (acção ou anúncio) que um agente envia para o mercado de forma a provar o seu compromisso com uma determinada decisão. Chinês? Ponhamos um exemplo. Na recente crise americana, após a anunciada descida de impostos, o governo anuncia um pacote de medidas para aumentar o investimento público. Este anúncio pretende sinalizar para o mercado a confiança do governo na economia com o objectivo de levar os consumidores, agora com mais dinheiro no bolso por causa da descida dos impostos, a gastar esse dinheiro extra em vez de o poupar.
O efeito sinalização tem sido entretanto estendido a outras áreas para explicar muitas situações em que levamos as mãos à cabeça com a típica expressão asterixiana “Le Ciel me tombe sur la tete”. Por exemplo, é um fenómeno que se repete em processos de recrutamento. Quando eu estou desempregado é-me mais difícil arranjar emprego porque o meu desemprego sinaliza ao mercado que eu sou um activo pouco desejado (se alguém me despediu…). No entanto, assim que eu recebo uma oferta é frequente receber mais do que uma, precisamente pelo mesmo efeito sinalização: se X viu valor em mim, então Y vai confiar nesse julgamento.
Todo este bla bla vem a propósito do efeito sinalização com as mulheres. Lamento não poder estender a análise ao sexo oposto mas não me julgo suficientemente independente para poder apreciar o efeito simétrico. O efeito sinalização aplica-se ao mercado do engate. Isto é algo que me veio recentemente à cabeça mas que, pensando retrospectivamente, tem fundamento empírico. Falando tecnicamente, se eu quero engatar uma gaja e esta se mostra reticente e com dúvidas, a melhor forma de conseguir o engate é engatar outra e fazê-lo publicamente. O efeito sinalização faz o resto. Falando do meu caso, o que a gaja pensa ê: se aquela está com ele e o gajo é um camafeu, tem que ser muito bom na cama e ter uma pila muito grande. Pardon my french. Objectivo conseguido, no dia seguinte é só escolher. Obviamente, este efeito não se aplica apenas a camafeus e funciona apenas em situações específicas, como a que descrevi em cima. Ou seja, o facto de eu sair com a minha vizinha à frente da Giselle Bundchen apenas sinaliza que eu estou tão desesperado que até saio com a minha vizinha. Por outro lado, o resultado (como todo o efeito sinalização) depende duma característica fundamental: ser credível. Ou seja, pagar a uma prostituta para se exibir em frente à gaja apenas sinalizará, uma vez mais, o meu desespero.
Se evitarem as duas situações descritas, eu posso assegurar que o efeito sinalização é, de facto, poderoso. Porém, como nada é perfeito, isto tem os seus quês que se chamam efeitos colaterais. No dia seguinte é preciso tomar uma decisão: fico com as duas, fico com uma e com qual delas. É o princípio fundamental da economia: só existe porque existem bens escassos. E se antes do efeito sinalização o bem escasso são as mulheres, após o efeito os bens escassos serão o orçamento e a sanidade mental.